
PSA: um exame fundamental na detecção do câncer de próstata
30 de janeiro de 2019
Infecção Urinária: tudo o que você precisa saber
17 de setembro de 2020Tudo o que você precisa saber sobre o câncer na bexiga e a presença de sangue na urina
O principal sintoma do câncer de bexiga é a presença de sangue na urina, mas vale lembrar que nem sempre uma pessoa com sangue na urina tem câncer na bexiga.
O Câncer de bexiga é o segundo tipo de tumor mais frequente na Urologia e um dos mais comuns no trato urinário.
Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer (2012), a neoplasia acomete mais homens que mulheres, sendo nos homens o sexto tipo mais frequente de câncer e nas mulheres ocupa a 19ª posição.
É mais frequente em homens brancos do que em homens negros e seu pico de incidência ocorre entre os 60 e 70 anos de idade, sendo que aproximadamente 90% dos pacientes recebem o diagnóstico após os 55 anos.
Um pouco sobre a anatomia da bexiga
Antes de falarmos sobre o que é o câncer de bexiga, é importante entendermos um pouco sobre a anatomia deste órgão.
A bexiga urinária, situada na região pélvica, é um órgão oco em forma de saco, constituído basicamente de uma camada muscular – o músculo detrusor e revestido internamente por uma mucosa.
A bexiga é responsável pelo armazenamento e eliminação da urina, e é capaz de armazenar entre 400 e 500 ml, em uma pessoa adulta.
De forma geral os tumores malignos da bexiga iniciam-se na camada mais interna e superficial, chamada mucosa.
A evolução destes tumores pode ocorrer de forma infiltrativa, acometendo as camadas mais profundas deste órgão.
O que é o câncer de bexiga?
A neoplasia da bexiga é caracterizada pelo crescimento anormal de tecido, denominado tumor, que se desenvolve no revestimento da bexiga e em alguns casos, pode atingir também a camada muscular e órgãos adjacentes, nos casos mais graves.
O câncer de bexiga pode ser dividido, basicamente, em dois grupos principais:
Carcinoma de células de transição
Tipo de câncer de bexiga mais comum (aproximadamente 90% dos casos) que geralmente se instala sob a forma de um ou mais tumores pequenos e superficiais, confinados à mucosa de revestimento interno.
Esta apresentação é considerada uma forma não invasiva e que menos comumente causa metástase à distância.
Geralmente o tratamento se faz por via endoscópica, sem cortes.
Em casos mais avançados, os tumores se estendem à camada muscular da bexiga.
Esta apresentação se associa à maior taxa de metástases à distância e demandam procedimentos de ressecção mais extensos, com necessidade de remoção da bexiga.
Carcinomas mais raros
Os tipos de carcinoma que falaremos a seguir, correspondem a aproximadamente 10% dos casos de câncer de bexiga e são considerados mais agressivos, podendo levar à metástase. São eles:
- Carcinoma de células escamosas ou células epidermóides: tipo de câncer que afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas.
- Adenocarcinoma: tipo de câncer que pode se formar na bexiga após um longo período de inflamação e que se inicia nas células glandulares, responsáveis pela secreção.
Porque o câncer de bexiga acontece?
As principais causas do câncer de bexiga se relacionam com:
- exposição a substâncias nocivas
- contato com certos produtos químicos
- tabagismo
A exposição a substâncias nocivas e o contato com agentes químicos como benzeno, petróleo, agrotóxicos e outros presentes na indústria, podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença.
Isso se deve ao fato de que essas substâncias, ao longo de muitos anos, levam a alterações anormais nas células da bexiga.

O fumo é considerado a principal causa do câncer de bexiga, cerca de 50-70% dos casos de câncer estão associados ao tabagismo.
Isso acontece devido aos produtos químicos cancerígenos presentes no tabaco que, com o acúmulo dos anos, passam para a corrente sanguínea sendo filtrados pelos rins para a urina.
Com isso, a bexiga fica continuamente exposta aos agentes nocivos que consequentemente podem causar alterações nas células do revestimento vesical e levando ao desenvolvimento de células cancerosas.
De forma geral, os fumantes têm de 2 a 4 vezes mais chances de ter a doença que os não fumantes.
E, mesmo quando a pessoa para de fumar, a ação dos agentes carcinogênicos pode permanecer no organismo por mais de 10 anos, não cessando por completo os riscos de aparecimento do câncer.
Mas o ato de não fumar, pode reduzir significativamente as chances de desenvolver o câncer de bexiga.
Existem ainda outros fatores de risco como:
- Diabetes Tipo 2.
- Bexiga Neurogênica – devido ao uso contínuo de cateter na bexiga para auxiliar a micção.
- Pessoas já submetidas a radioterapia e quimioterapia em regiões próximas da bexiga.
- Pedras nos rins recorrentes e a longo prazo.
- Infecções do trato urinário de repetição e a longo prazo.
Quais os sinais e sintomas da doença?
O principal sintoma do câncer de bexiga é o sangue na urina mas outros sintomas como, a polaciúria – que é a necessidade frequente de urinar, a disúria – dificuldade e desconforto ao urinar acompanhada ou não de dor, e a urgência miccional, também podem ser sinais de alerta.
Vale ressaltar que estes sintomas podem também estar presentes em outras doenças do aparelho urinário como:
- cistite,
- infecção nos rins,
- pedras nos rins,
- hiperplasia prostática benigna.
Além desses sinais clássicos, nos casos em que o câncer de bexiga já está em fase mais avançada, podem surgir sintomas como a presença de massas pélvicas, emagrecimento e anemia.

O Sangue na Urina
Já sabemos que a presença de sangue na urina é considerada o principal sinal de alerta para o câncer de bexiga.
Isso acontece porque, na maioria dos casos de pacientes diagnosticados com o câncer de bexiga, o sangue na urina é o primeiro sintoma que aparece e em alguns casos, o único.
Estima-se que entre 80-90% dos pacientes com câncer de bexiga presenciaram sangue na urina ou hematúria.
E porquê a hematúria acontece? Qual a sua relação com o câncer de bexiga?
O que ocorre é que grande parte dos pacientes com câncer de bexiga, apresentam células cancerígenas que começam a crescer no revestimento interno da bexiga.
Essas células têm a capacidade de se reunir no revestimento da bexiga e formar tumores fragilmente vascularização, que podem cursar com rupturas vasculares e consequente sangramento.
A hematúria é sempre visível? Como saber se tem sangue na urina?
A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de bexiga que tiveram episódios de sangue na urina conseguem perceber a olho nu o sangue homogeneamente misturado na urina.
Nos casos em que o sangue é visível – “hematúria macroscópica”, normalmente, a urina apresenta um aspecto rosado, ferrugem, alaranjado ou avermelhado.
Porém, nem sempre é possível perceber o sangue na urina com facilidade.
Em alguns pacientes, a hematúria não é visível aos olhos, denominada microscópica, quando poucas células são encontradas aos exames de urina feitos em laboratório.
Geralmente, são detenções eventuais, muitas vezes em exames para check up.
Quando buscar ajuda médica?
Em pacientes na fase inicial do câncer é possível e até comum a presença de sangue na urina, mas não de outros sintomas urinários como dor, queimação e urgência.
Além disso, o sangue na urina pode acontecer ocasionalmente, ou seja, pode não ser um sintoma frequente e ser notado apenas em alguns episódios de micção.
Mas, mesmo que note a presença de sangue na urina uma única vez, ou só eventualmente, o sintoma não deve nunca ser ignorado.
A qualquer sinal, é fundamental buscar a ajuda médica especializada para avaliar o caso.
O médico urologista provavelmente fará um exame físico, pedirá exames de urina de rotina e outros exames que julgar necessário.
O tratamento para o câncer de bexiga tende a ser mais eficaz quando é diagnosticado o mais cedo possível.

O Diagnóstico do câncer de bexiga
Como já dito, quanto mais cedo o câncer de bexiga for descoberto, maiores as chances de tratamento.
A identificação precoce é uma estratégia eficaz para localizar um tumor em sua fase inicial e, assim, possibilitar maiores chances de tratamento.
No caso do câncer de bexiga, essa estratégia acontece na investigação dos sinais e sintomas, exclusão de causas mais comuns para o quadro e exames de imagem.
Eventualmente é necessária a investigação do interior da bexiga, utilizando aparelho endoscópico em bloco cirúrgico, procedimento conhecido como cistoscopia.
E no caso de diagnóstico do câncer de bexiga, quais as opções de tratamento?
O tratamento do câncer de bexiga dependerá do estágio da doença e do nível de diferenciação das células tumorais.
De forma geral, o tratamento é cirúrgico com a ressecção dos tumores.
Essas técnicas cirúrgicas vão desde procedimentos endoscópicos como a ressecção transuretral (quando o médico remove o tumor por via uretral) até cistotectomia parcial (retirada de uma parte da bexiga) ou cistotectomia radical, que é a remoção completa da bexiga, com possibilidade de reconstrução de nova bexiga de substituição em casos específicos.
Além desses procedimentos, em casos mais agressivos da doenças podem ser necessárias sessões de radioterapia para tentar preservar a bexiga e quimioterapia, que pode ser sistêmica (ingerida na forma de medicamentos ou injetada na veia) ou intravesical (aplicada diretamente na bexiga através de um tubo introduzido pela uretra).
Uma recomendação importante!
Todas as informações contidas neste site tem a intenção de informar, esclarecer e apoiar os usuários, mas não substitui a consulta médica.
Sempre que notar qualquer sinal ou sintoma que fuja da normalidade, procure um médico de confiança ou o serviço de saúde.
Fontes:
nhs.uk/conditions/bladder-cancer/symptoms
bladdercancer.net/symptoms/blood-urine
inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-bexiga
portaldaurologia.org.br/doencas/cancer-de-bexiga